Juiz de Fora

sábado, 9 de agosto de 2014

Vale a pena ouvir lançamentos de dinossauros? (114)


Heaven & Earth (2014)
(Yes)

Há algumas atitudes-padrão em relação a grandes grupos quando lançam discos novos: a) a do fã fundamentalista, que repudia a banda desde que algum integrante original, ou tido como o cabeça do grupo, sai em carreira solo; b) a do fã criterioso, que deixa de acompanhar a banda quando ela abandona suas características essenciais; c) a do fã curioso, que ainda tem interesse no que a banda possa fazer, ainda que saiba que ela já não tem mais contexto para fazer genialidades; d) a do fã inseguro, que julga a banda pela receptividade alheia; e) a do fã mitológico, que ama tudo o que a banda faz porque adora as personalidades que o integram.

No que diz respeito ao Yes, "a)" ouviu a banda até Tormato (1978), se tanto; "b)" gostou de Union (1991) e Talk (1994); "c)" talvez vá ouvir este Heaven and Earth; "d)" vai consultar as vendagens da banda; "e)" vai achar que a sua vida perdeu um pouco da alegria no dia que Chris Squire se for.

Yes chegou a ser a minha segunda banda preferida (depois do velho Genesis), mas sempre tive consciência de que os caras brigavam muito por ego e dinheiro. Depois da primeira saída de Jon Anderson e segunda de Rick Wakeman (em 1979) nunca mais achei que a banda fosse a mesma coisa. Quando lançaram 90215 (1983) gostei do disco como uma boa concessão, uma sobrevivência inteligente em mares adversos. Union (1991) é um disco que adoro, tem lugar em meu coração. Talk (1994) é muito bom, e os posteriores apenas divertem. Estas mudanças constantes de membros e a saída definitiva de Jon Anderson não têm como ser remediadas, mesmo com dois cantores que lembram bem o protagonista (até no seu aspecto feminilizado).

Jon Davidson, Downes, Howe, Squire e White fizeram um bom disco em termos gerais. Para quem não gosta de progressivo em geral, e do Yes em particular, é tudo muito previsível, muito clichê, desde a capa de sempre de Roger Dean, aos títulos, refrões, temas ripongas, etc. É uma estética acomodada, há um certo embotamento. Ainda assim é um som amigável, hospitaleiro, é como se ouvisse velhos companheiros refletindo sobre a vida. Minhas preferidas nesta segunda audição que faço, até o presente momento, são Believe Again e To ascend.

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