Juiz de Fora

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Não falam assim, mas pensam assim (382)


O que os homens falam
(2012)



Barcelona, na atualidade. Uma meia dúzia de homens entre 35 e 55 anos, aproximadamente, estão em maus lençóis. Ou estão divorciados, ou divorciando, ou perdendo a esposa, ou mal-casados. Em episódios independentes, eles fazem o que homens normalmente não são muito chegados (não estou falando do seu psicólogo, do seu professor doutor em filosofia, do seu poeta, não falo de quem por dever cumpre a agenda feminista): falar de suas emoções, dos seus relacionamentos, dos seus medos, etc. Nunca na minha vida ouvi colegas meus ou parentes se abrirem a tal ponto com outros homens (não estou falando do meu psicólogo, do meu professor doutor em filosofia, do meu poeta, falo de homens inteligentes, mas não de militantes). 

Não que as situações sejam inverossímeis, duas delas são bem verídicas: o homem abandonado pela amante que busca se reconciliar com a esposa, e o colega de trabalho que de repente se interessa pela colega que emagreceu, ficou gostosa e com fama de acessível, isto tudo é bem masculino.



Achei uma boa comédia catalã (dirigida e filmada na Catalunha) em que se destacam Ricardo Darín e Eduardo Noriega. Há um tom de lição bem dada nos homens em um determinado episódio, mas é algo do tipo "nós bem que merecemos". Gostei bastante, inteligência, humor e narrativas eficazes sempre dão certo no cinema. 


Bom, parece que é impossível que eu vá ao cinema sem ter o que contar, né? Fomos no "cinema de arte" que há no centro. Para surpresa minha, era sessão cidadão por um realzito. Fiquei pensando, que bacana, cinema para o povo. Todo mundo pode pagar um real, mais barato do que a passagem de ônibus.

Pois bem, duas moças tentaram furar a fila e ficaram espantadas porque as pedi para que respeitassem não só a nós mas a um casal de idosos logo em seguida. Apareceu uma galera tipo alunos de ensino médio matando aulas que aprontaram um auê antes do filme. Uma moça levou o filho de uns dois anos (sessão noturna) e ele já chegou pedindo para ir embora. O filme começou e o povo, nada. Ouvi alguns tímidos "shh" e vi que isto não intimidaria ninguém.

Falei: "Silêncio".

Os pedidos de silêncio aumentaram, aproveitei a deixa e disse, com firmeza, em voz alta, sem rancor: "Não sabe ir ao cinema, fique em casa". Funcionou uma meia-hora.

Viajar me deixa seguro em exigir civilidade de outras pessoas. Assistimos um filme em Lisboa uma vez e o silêncio foi absoluto. Aqui também deveria ser assim. Quem está errado não reprime a sua atitude incorreta, porque eu deveria reprimir a minha indignação? 

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