Juiz de Fora

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Roubava livros mas não roubou a minha atenção (353)



Alemanha, 1938. Uma menina é levada para viver com um casal simplório em uma cidade indefinida após a prisão de sua mãe comunista. Analfabeta, ela sofre bullying na escola, com exceção de um garoto fã do corredor Jesse Owens que se apaixona por ela. A menina assiste uma grande queima de livros pelos nazistas paralelamente ao seu processo de aprendizagem. Toma gosto por livros no que é apoiada pela esposa rica do prefeito nazista, por um refugiado judeu que se abriga junto aos pais adotivos e pelo próprio dono da casa.

Quando este livro foi lançado no Brasil eu quase o comprei. Mas meu faro para literatura de segunda me alertou, pois a editora não me inspira confiança (na verdade, em matéria de literatura estrangeira eu apenas ponho a mão no fogo pela Companhia das Letras). O filme me faz lembrar O caçador de pipas, best-seller que li e vi em tela, mas que considero apelativo, feito para sensibilizar o público estadunidense, utilizando-se de um tema válido e sério mas com abordagem caricata.

Este filme aqui é um abacaxi. O nazismo já é aterrorizador o bastante para necessitar de caricaturas. A menina ser analfabeta é inverossímil, já que era filha de comunistas alemães. A sua postura diante da perda do irmão mais novo, a perda da mãe, a sua adoção por um novo lar pouco receptivo, o tratamento sofrido na escola, etc e tal, é de um grau de maturidade implausível. O filme é muito didático, as pessoas de bem são muito boazinhas e sensíveis, as de má índole parecem vilões de desenhos animados da tv. É aquela coisa nojentinha do tipo: "Olhe, espectador, estes nazistas não são uns malvados? os judeus e os comunistas não merecem melhor tratamento? a cultura não é algo maravilhoso, não é feio queimar livros? as pessoas inteligentes não são sensíveis?".



Ir aos cinemas em noites úteis já não garante sossego. Mesmo com uma dúzia de espectadores não tive sorte de poder ver o filme em silêncio. À minha direita, na extremidade, um casalzinho falou durante todo o tempo, e à minha esquerda, na outra extremidade, uma jovem ligou o celular uma meia dúzia de vezes projetando uma luz branca em minha direção. Como eu vi que ela não desconfiava, lhe dirigi a palavra: "Moça, esta luz está me atrapalhando" "Oh, descuuulpa!". E aí, ela desligou de vez? Não, menos de dez minutos depois lá foi a tonta ligar novamente o celular (e o casal tagarelando). Pensei, ou dou um esporro (não devo) ou saio do filme que já estava ruim que chega há mais de uma hora. Decidi ir embora.

Quero ver como vou fazer para assistir Trapaça.

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