Juiz de Fora

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O Panótico lê aqui e agora (39)


O assassinato de Kennedy foi um dos fatos mais impactantes dos anos sessenta. Para os muito jovens: John Fitzgerald Kennedy (1917-63) foi um rico político católico e presidente democrata dos EUA (1961-63). Simboliza a luta contra a segregação racial no sul dos EUA assim como o auge da Guerra Fria com a crise dos mísseis soviéticos (1962) e sua (propositadamente) frustrada tentativa de deposição de Fidel Castro, a invasão da Baía dos Porcos (1961). Foi assassinado em Dallas, Texas, em novembro de 1963, na companhia de sua esposa, Jacqueline, e do primeiro casal do Texas.

Quando eu era estudante de História a morte de Kennedy evidenciava para mim duas coisas: democratas eram parcialmente diferentes de republicanos, e havia presidentes dos EUA que não eram meros serviçais da burguesia e do capitalismo, do contrário, por que ele teria sido brutalmente assassinado? (e mais uma vez eu percebia que meus colegas e professores marxistas estavam muito enganados).

O filme de Oliver Stone, JFK, pareceu-me uma explicação plausível para o homicídio: máfia, CIA, o complexo industrial-militar decidiu por fim ao seu mandato para poder mandar bala em uma nova guerra, a do Vietnã. Mas nunca deixei de achar que havia algumas incongruências na visão do cineasta baseada no inquérito do promotor Jim Garrison (vivido no filme por Kevin Costner)

Este livro do jornalista Philip Shenon, do New York Times e autor de outro livro sobre o 11 de setembro é o tipo de pesquisa histórica que dou valor. Longa e exaustivamente pesquisado, repleto de fontes, inclusive inéditas, o autor é extremamente minucioso e não se exime de discutir todas as hipóteses.

Reconstituindo o trabalho da comissão de advogados presididas pelo presidente da Suprema Corte na época, o autor expõe o seu raciocínio.

Atenção, se não quer saber sobre as hipóteses, não leia:

a) O assassino foi mesmo Lee Harvey Oswald. Motivos possíveis: complexo de inferioridade por diversas razões e/ou vontade de se gabaritar para um exílio em Cuba. Oswald frustrou-se na União Soviética, mas continuava um marxista.

b) Três tiros foram disparados contra Kennedy, mas todos partiram de Oswald, um bom atirador e cuja arma fora adquirida por ele, encontrada no sexto andar do prédio onde atirou e trabalhava como funcionário público.

c) A conspiração que existiu foi a da CIA, do FBI, do Serviço Secreto (não confundir com a CIA), e da polícia do Texas por uma série de erros primários de proteção ao presidente, esse povo todo "deu muito mole" e dificultaram as investigações para camuflar a própria incompetência.

d) a investigação do promotor Jim Parsons foi eivada de má-fé e parece de que de fato o homem era louco.

Surpreso? Não acredita? Há boas razões para a nossa incredulidade. Então que se vá ao livro. A leitura às vezes é tediosa, devido ao excesso de detalhes, vou avisando.

SHENON, Philip. Anatomia de um assassinato. A história secreta da morte de JFK. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. 681p.

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