Juiz de Fora

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O Panótico vê aqui e agora (302)


Argo
(2012)



Teerã, 1979. Os fundamentalistas iranianos e outros grupos de oposição derrubaram, com forte apoio popular, o odioso governo do ditador Reza Pahlavi (1941-79). Por meio de um golpe de Estado orquestrado pelos EUA e Reino Unido que derrubou o gabinete do primeiro-ministro Mossadegh (1953) que nacionalizou a exploração de petróleo no Irã, Pahlavi passou a ser um soberano absolutista, que combinava um fausto exagerado, títulos quase sagrados e uma pretensão modernizadora. Fora do poder, recebeu asilo nos EUA a título de tratar de um câncer.



Com apoio meio velado da cúpula do poder do Aiatolá Khomeini, militantes da revolução iraniana invadiram a embaixada dos EUA com o intuito de exigir de Washington o repatriamento de Pahlavi. Seis funcionários diplomáticos escaparam da sede e esconderam-se na residência do embaixador canadense. O agente da CIA Tony Mendez (Ben Afleck, protagonista e diretor do filme) resolve resgatar os estadunidenses como se eles integrassem uma equipe cinematográfica de uma suposta ficção científica "B", Argo.

Há elementos do filme que são típicos e que todos gostam: uma explicação histórica resumida, mas eficaz e honesta; a denúncia de Estados totalitários; a valorização da democracia e direitos humanos; a convicção de que o seu Estado democrático é melhor do que qualquer ditadura, mas você não pode confiar nos governantes; o respeito pela inteligência dos inimigos e de suas razões; a denúncia do imperialismo; os elementos de suspense; a percepção de que heróis são pessoas de carne e osso, etc...




E também aquelas bobagens de cowboy, tipo: fazemos o que fazemos e depois voltamos para a família, em casa; nós, os estadunidenses, mesmo em crise somos os mais sodas de todos, etc. Particularmente, achei legal a direção de Ben Afleck ao reproduzir o final da década de setenta inclusive no estilo de filmar, com câmaras instáveis que acompanham a tensão da cena. Como ator, no entanto, ele possui apenas uma expressão. Acho que estão enchendo muito a bola deste filme mais por questões de política externa. Mas, mesmo assim: é um bom filme, se der, vá e veja, não ficará decepcionado (a).

Um comentário: