Juiz de Fora

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Panótico não viu aqui e agora (301)



França, 1815. Jean Valjean (Hugh Jackman) é um sentenciado que após cumprir dezenove anos de prisão por furtar um pão - (improvável, nem a legislação penal do Antigo Regime e nem a da França revolucionária eram assim tão extremadas, não li Victor Hugo, duvido muito que ele fosse um demagogo, do tipo que exagera inverossivelmente a exploração para ganhar simpatias para a crítica social) - recebe a sua primeira liberdade condicional. Portando um documento que alertava a todos sobre sua enorme periculosidade, o miserável não encontra emprego. Recebe a acolhida de um padre que lhe dá comida e abrigo por uma noite. Resolve furtar a prataria da igreja, é pego pela polícia e o padre salva-lhe a pele dizendo aos policiais que as preciosidades foram, na verdade, um presente. O padre pede a Valjean que aproveite a oportunidade e se torne um homem de bem e temente a Deus.

Montreuil-sur-mer, 1823. Jean Valjean é agora "Madeleine", um empresário e prefeito de uma cidade alpina. O seu ex-agente penitenciário Javert (Russell Crowe) o reconhece como um fugitivo da polícia. Paralelamente, Anne Hathaway é Fantine, uma de suas empregadas na manufatura, mas foi demitida por ser mãe solteira. A miserável vai cair na prostituição por falta de opções.

Eu não ia assistir este filme porque sinto-me muito miserável diante de musicais. Quando assisti Evita com Madonna achei o filme uma miséria e fui embora com menos de meia-hora de projeção. Mas me disseram que as canções deste filme eram bonitas e não ocupavam todo a obra. Iludi-me miseravelmente. As canções são um saco - a menos que você curta musicais tipo Broadway - as letras funcionam mal, mesmo em inglês. Russell Crowe e Hugh Jackman, embora cantem educadamente, não ganhariam muito dinheiro se sobrevivessem desta musa.

Quando Anne Hathaway abriu a boca e pôs-se a cantar miseravelmente mal, levantei-me com fome e à procura de um pão para o meu espírito.


4 comentários:

  1. tb me sinto muito miserável diante de musicais. mas gostei do trailer, quem sabe na tv a cabo. eu surto com ator q nunca canta e q resolvem colocar pra cantar. ninguém coloca uma pessoa pra dar uma de médico e fazer uma cirurgia depois de um dia de leitura de livros sobre o tema. detesto quando tratam a cultura de forma tão amadora. beijos, pedrita

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  2. Excelente, Pedrita, disse tudo melhor do que eu. Eu gosto bem do Russell Crowe e do Hugh Jackman (da moça não, ela é apenas uma princezinha das telas, uma branquinha cândida), mas eles cantando é de amargar. Depois eu li que realmente se trata de uma peça da Broadway. Em Londres eles gostam bastante deste gênero, quando estive lá não fui ao teatro simplesmente porque é muito careta. Este diretor, pelo visto, é um inglês puxa-saco do american way of dããnnn...

    Certa vez o grande Morrissey afirmou que é uma bobagem pensar que artistas têm talento ilimitado para qualquer arte. É isto aí mesmo, amadorismo.

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  3. Queria muito ver esse filme, mas acredita que nem tinha pesquisado e não sabia que era um musical???

    Enaldo, pelo que andei pesquisando, Dublin é a cidade mais "inglesa" da Irlanda e lá se fala inglês no dia a dia. Algumas escolas tradicionais de Dublin e Irlanda em geral disponibilizam ensino nas duas línguas, muito mais por tradição e para que a língua não morra.
    Talvez no interior se fale o "irlandês", mas em Dublin todo mundo com quem falamos (incluindo correios) falava inglês (mas que inglês difícil de entender!!!)

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  4. É verdade, o inglês dos irlandeses é muito "óinóinóin", rs...

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