Juiz de Fora

sábado, 2 de outubro de 2010

Utopia (I)

De todas as utopias pedagógicas esta é a mais dolorosamente irrealista:




Quando as necessidades prementes estão satisfeitas, o homem se volta para o universal e o mais elevado.


Aristóteles, (século IV a.C.).


Os professores regularmente sofrem por seus alunos não se interessarem por nada muito edificante, mesmo com dezenas de horas livres. Alguns daqueles profissionais parecem até mesmo estarem dispostos a sacrificar o prazer de uma festa em troca de uma explicação para tamanho infortúnio. Dou aqui uma pequena colaboração:




A esperança que inspirou Marx e os melhores homens dos diversos movimentos operários - a esperança de que o tempo livre eventualmente emancipará os homens da necessidade (...) - repousa sobre a ilusão de uma filosofia mecanicista que assume que a força despendida no trabalho, como qualquer outra energia, nunca se perde, de modo que, se ela não for gasta e exaurida no trabalho duro de ganhar a vida, ela automaticamente alimentará outras e "mais elevadas" atividades. O modelo que guiou a esperança de Marx quanto a isso foi sem dúvida a Atenas de Péricles, a qual, no futuro, com a ajuda do enorme aumento da produtividade do trabalho humano, não mais precisaria de escravos para se sustentar e, assim, poderia tornar-se realidade para todos. Cem anos depois de Marx, sabemos da falácia do seu raciocínio; o tempo livre do animal laborans nunca é gasto a não ser no consumo, e, quanto mais tempo ele adquire, mais gananciosos e vorazes se tornam seus apetites.

Hannah Arendt (1958).



Assim, evite aborrecimentos, e, no próximo almoço comemorativo da categoria, quando for passada a hora, vá tomar uma cervejinha antes que ela esquente como a sua cabeça...




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