Juiz de Fora

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O Panótico vê aqui e agora (27)

Tropa de Elite 2





Bom pra caramba. As gerações mais jovens têm, de uns quinze anos para cá, mais um gênero de lazer: cinema brasileiro. Quando fazia o curso de História falar mal do cinema de Pindorama era procurar picuinha. Não se podia dizer que os filmes brasileiros eram chatos, repletos de palavrões fora de contexto, pornografia soft disfarçada de papo-cabeção, desprovidos de roteiros interessantes, etc. A cultura universitária militante impostava acreditar que o cinema brasileiro (qualquer ele, não estou falando dos "clássicos") era tão digno de crédito quanto a literatura e a música da Terra brasilis.



Como consumidor de cinema, creio que a situação melhorou a partir de O Quatrilho (1995). O que este filme tem de diferente para ter agradado aos espectadores desconfiados como eu? Roteiro. Um filme para ser bom não precisa ser elaborado como uma tese acadêmica, mas necessita prender a atenção de quem se arruma, marca com alguém ou vai sozinho a uma sala de cinema, chega cedo, às vezes paga estacionamento, fica na fila para comprar ingresso (caro), e mais outra fila para entrar, procura um lugar razoável para se acomodar, e, marca da falta de educação dos anos noventa, precisa aguentar os celulares e conversas (idiotas, muitas das vezes) dos seus vizinhos. Este espectador merece ser entretido com uma boa estória. É semelhante à uma aula: digamos que você tenha que ouvir ou falar sobre um assunto enfadonho, por exemplo, a independência da Venezuela. Se você souber contá-la com alguma sedução é possível que alguém se interesse pelo tema.



Depois de Quatrilho eu devo ter assistido umas duas dúzias de (bons) filmes nacionais. Tem uns Copo de Cólera pelo caminho, mas é acidente de percurso. Tropa de Elite foi o filme brasileiro mais empolgante a que assisti. Gostei tanto que comprei o original em dvd, para vê-lo mais algumas vezes. Não tenho restrições às críticas populistas que lhes são feitas. História e direitos humanos fazem parte do meu ganha-pão. Tropa de Elite é ótimo graças ao roteiro. É impressionante que os cineastas conterrâneos tenham levado quase um século para encaminhar as produções para esta direção.




Tropa de Elite 2 é ainda melhor do que o original, e pasmem, agora a polícia é a principal vilã, e o narcotráfico é amador. A crítica populista não vai ter por onde pegar no pé do diretor José Padilha. Tropa de Elite foi o filme brasileiro mais empolgante a que assisti.

Agora é vice.


3 comentários:

  1. Em primeiro lugar: Dane-se a eleição ou o que quer que seja. Embora o Brasil não seja um país tradicional no mercado do cinema mundial, existem produções excelentes realizadas aqui no país há algum tempo, indo além do discurso eleitoreiro que muitos críticos têm feito questão de destacar nos filmes. Assisto aos filmes com isenção, desconsiderando as preferências políticas e isso todos deveriam fazer também, acionando o olhar artístico para a 7ª Arte. Concordo com você, ainda há um preconceito em relação às produções nacionais, mas as pessoas deveriam ir ao cinema para verificarem de pertinho como houve progresso. O Brasil está coroado de bons atores de cinema e temos excelentes nomes atuando na direção e elevando o nível das produções cinematográficas brasileiras, como Glauber Rocha, Fábio Barreto, Fernando Meireles e agora essa produção incrível de José Padilha. A bilheteria mostra por si mesma a qualidade do filme. E assim caminha o Brasil...

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  2. E vamos aguardar o T.E 3 para aqui a dois anos

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