Fazer meio século de vida impressiona. Por um lado, você fica contente de ter chegado a tanto. Por outro, você sabe que dificilmente vai ter outro meio século de vida. O meu corpo e a minha mente não aceitam este número. Não tenho nenhuma doença crônica, não sinto nenhuma dorzinha, tenho a curiosidade e ansiedade dos mais jovens, meus pais estão bem-vivos e com saúde, não fiquei rico, mas não me falta dinheiro para comprar o que quero. Na verdade, não quero comprar coisa alguma. O meu único consumo extra é viajar.
Se aos cinquenta anos você não "venceu" na vida não adianta se desesperar. Prefiro uma boa tarde de sono a uma boa tarde de trabalho. Prefiro ler um bom livro ou ver um filmaço do que disputar mercado. Cansei de ver gente que ganha o dobro ou triplo do que eu e que diz: "eu não tenho tempo para ver um filme", "eu não tenho tempo de ir ao cinema", "eu não tenho paciência para ouvir um cd inteiro" "eu não vi a minha filha crescer". E ficam lá, satisfeitos por poder comprar um carro de cem mil reais para se irritar no centro engarrafado.
Por esta altura da vida já li mais de mil livros, mas "nenhum livro me ensinou a viver" (detetive Pepe Carvalho, personagem de Manuel Vázquez Montalbán). Stravinsky, com quase noventa anos, disse que a única sabedoria da velhice é que ela se parece com a infância.
Eu posso dizer, sem sombra de dúvida, que a alegria mais constante da minha vida foi ter tido o privilégio de ouvir música, é difícil descrever o seu significado na minha existência.
Vou publicar aqui a minha preferida para ano da minha caminhada. Ofereço como presente a qualquer um que queira ouvir. Obrigado.
Enaldo Pereira Soares (14/09/1964 - ?)
nossa, concordo plenamente. quando alguém diz que não tem tempo para contemplar uma árvore, para visitar um parente ou um amigo. apesar que acho que tem gente que usa essas desculpas para justificar que não lê mesmo que tivesse tempo, não visitaria a família mesmo que tivesse tempo. eu particularmente gostaria de ter uma vida financeira mais confortável. ficar sempre com tudo muito apertado financeiramente me incomoda bastante, mas não a ponto de eu largar a forma como trabalho e me enfiar em alguma empresa multinacional com rotina massacrante onde eu vou ter que ter um carro luxuoso que lavo toda semana, independente da crise da água em são paulo. onde vou ter que falar de consumos exacerbados para mostrar que venci na vida. ou fingir e me endividar como já cansei de ver. além dos posts de filmes podia fazer de livros. tenho um grupo de amigos que trocamos figurinhas de livros. beijos, pedrita
ResponderExcluirPois é, muitas vezes a falta de tempo é só desculpa.
ResponderExcluirAqui em SP esta realidade maluca é ainda pior. As pessoas não trabalham para viver, elas vivem para trabalhar.
ResponderExcluirEstou seu linkando seu endereço do blog no meu.
Abraço e parabéns pelo meio século de vida.
Obrigado, Hugo.
ResponderExcluirDesde adolescente que ouço que o preço para se viver em uma cidade cheia de opções culturais como São Paulo é ter que se matar de trabalhar e furar o olho dos concorrentes.
Eu vi em Londres, Paris e especialmente em Madri que não é bem assim.