Juiz de Fora

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O Panótico adora um drama político (337)


Bloody Sunday
(2002) 


Belfast, 30 de janeiro de 1972. Uma associação de direitos civis dirigida por um protestante e quatro católicos organiza uma passeata pacífica contrariando leis marciais do ano anterior aplicáveis à Irlanda do Norte. O governo britânico envia os temíveis paraquedistas para subjugar os manifestantes e alguns soldados falam abertamente em vingar a morte de dezenas de militares britânicos por militantes do IRA nos anos anteriores. Um general quer se exibir ao gabinete ministerial, um coronel quer obedecê-lo mas não  vê graça na situação, um chefe de polícia se empenha em evitar que o exército faça um massacre e Ivan Cooper, deputado protestante, quer liderar o povo, mas se preocupa em evitar a violência tanto de britânicos como do IRA.


O famoso domingo sangrento "celebrizado" pela canção do U2 (a ouvi em excesso em 1985 e não a suporto desde então) nunca tomou de mim maior curiosidade: era aquela coisa: irlandeses brigões tomando muita porrada de ingleses imperialistas. Na verdade, é bem por aí mesmo, mas aqui o filme baseado em uma testemunha e em um inquérito no qual o governo inglês assumiu a culpa (2010) é detalhadamente narrado. Como em todo filme político que se preze, é necessário mediatização: há boas intenções e más condutas (e interesses) em ambos os lados. É importante que se frise, e isto não é minimizado no filme, que o IRA jamais foi porta-voz da maioria irlandesa pelo simples fato de que dois terços do irlandeses do norte são unionistas (protestantes que se identificam coma Inglaterra e sua monarquia). Mas a execução pura e simples de uma dúzia de manifestantes desarmados deu uma boa colheita para o braço armado do Sinn Fein, especialmente entre os jovens sem instrução, sem perspectiva e com adrenalina e maniqueísmo típicos para embarcar no terrorismo.


Do mesmo diretor da trilogia Bourne, Peter Greengrass.

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