Re-Make/Re-Model
(Roxy Music)
Andy Mackay, Rik Kenton (?), Phil Manzanera, Brian Eno, Bryan Ferry, Paul Thompson
No início dos anos oitenta havia poucas opções de leitura sobre rock aqui no Brasil. Eu comprava a Som Três, uma revista sobre equipamentos de som, e nela havia algumas resenhas e matérias sobre rock.. Ao ler a primeira vez sobre o Duran Duran tomei conhecimento do Roxy Music. Nos anos seguintes, todas as matérias sobre bandas new romantic afirmavam o mesmo: David Bowie e Roxy Music foram as maiores influências do gênero. Ouvi muito Brian Eno por esta época, e sua série Ambients era o que havia de mais vanguarda então, ou pelo menos, de mais vanguardista com propósitos. E Brian Eno tinha sido o tecladista do Roxy Music. No mesmo dourado ano de '82 o Roxy Music lançou Avalon, que era, e é, um bom álbum pop, e não mais que isso. Deixei, então, para ouvir os quatro primeiros álbuns da banda quando houvesse tempo (leia-se dinheiro) de sobra. Havia muitas outras premências. Em '86 gravei o videoclip de Re-make/Re-Model, e achei a participação de Brian Eno muito boa, na que é para mim a melhor faixa do primeiro disco deste grupo britânico. Quanto ao cantor Bryan Ferry ele me parecia, e ainda parece, uma espécie de Roberto Carlos, sempre com aquela coisa do elegante cantor romântico que pode muito bem cantar em Las Vegas ou em um restaurante decadente qualquer (e também nunca gostei do trejeito dele cantando com os olhos fechados). Nos seus melhores momentos, faz um popizinho bem legal, mas não tem nada a ver com espero de cantores de bandas de rock.
A história básica do Roxy Music é bem conhecida: estudantes de Arte, Brian Eno e Bryan Ferry estavam interessados em fazer algo diferente dos dominantes rock progressivo e hard rock do início dos setenta. Brian Eno, apesar de ser o mais glitter de todos, tão ou mais pó de estrela que Bowie, desde o início da banda avancou pela eletrônica. Não sei se a sua saída foi obra dele ou do amigo rival Bryan Ferry. Francamente isto não me interessa muito, mas o fato é que o segundo disco do Roxy Music, Strended (1973) é uma bela porcaria, não há uma faixa que salve. E o interesse geral pelo Roxy Music é maior por seus figurinos do que pela música propriamente dita, então, não poderia mesmo ser uma banda entre as minhas prediletas.
Mas, independentemente disto tudo, Re-Make/Re-Model é um dos melhores discos de '72. A faixa homônima é bem animada, e define bem as intenções da banda. Ladytron vale pelos teclados de Brian Eno, meio à la King Crimson. Virginia Plain é bem bobinha, uma coisa meio faroeste, meio teatro de can can, é a preferida dos críticos de rock meio cabaret, e novamente vale pelo que Brian Eno faz ao final e pela guitarra meio Velvet Underground de Phil Manzanera. 2HB começa com o ótimo teclado de Brian Eno - está ficando chato né? - mas tem uma melodia mais de banda, até o saxofone de Andy Mackay cai bem no conjunto. The Bob tem um som mais pesado, Bryan Ferry deu um caprichada nos vocais, e a faixa trata da Batalha da Inglaterra (1940), ouve-se tiros de canhões. Achei o final da canção coisa de rock progressivo quando caricato e mal feito. Chance Meeting tem um clima meio disperso que era a alegria de muita banda dos oitenta. Would you believe é apenas o péssimo rock and roll estadunidense dos anos cinquenta, ieiêiê mais infantil.
Foi bom reouvir esta obra. Adquiri o vinil importado em '89 e o cd (também importado) alguns anos depois.
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