Juiz de Fora

domingo, 14 de outubro de 2012

O Panótico vê aqui e agora (285)






360
(2011)


Uma jovem eslovaca de Bratislava, acompanhada pela irmã caçula, vai até Viena fotografar para um catálogo de prostitutas de luxo, iniciando-se nesta rentável profissão. Ela é contratada por um executivo londrino casado (Jude Law) que passa a ser chantageado por um fornecedor alemão (Moritz Bleibtreu, o Baader de O Complexo Baader-Meinhof). O executivo é casado com uma modelo (Rachel Weisz) que é amante de um fotógrafo brasileiro (um ator que faz papel de paspalhão em uma novela global, aqui no filme sua maior atuação é mostrar a bunda, me recuso a pesquisar a seu respeito) que namora uma carioca (Maria Flor, nunca tinha a visto, minha namorada me disse que ela também é global) que traída pelo compatriota volta para o Rio num voo com escala para Denver (?) e conhece um senhor alcoólatra (Anthony Hopkins, o melhor do filme, sem dúvida) e se atira, um tanto estereotipadamente à brasileira, para os braços de um redneck estadunidense que acabara de sair da prisão por crimes sexuais. Numa outra linha de contatos, um dentista argelino e muçulmano (o comediante  Jamel Debbouze, muito bom, aqui fazendo bem um papel dramático) sofre o dilema ético-religioso por estar apaixonado por sua assistente russa e casada (Dinara Drukarova, de Desde que Otar partiu, excelente filme já resenhado aqui) com um motorista e guarda-costas de um mafioso russo.



Desde o início percebi algumas coisas: em primeiro lugar, trata-se de uma narrativa e abordagem na linha de Babel, a vida das pessoas está interligada de alguma maneira. As diversas locações são muito bem aproveitadas: Londres, Paris, Berlim, Viena, Bratislava, etc..., é filme de quem sabe perceber a beleza urbana do Velho Mundo. E há uma plêiade de grandes atores, gente que foi escolhida a dedo pelo diretor e produtores do filme. E, por último, é óbvio que não há conclusões, assim como a vida, há uma soma de oportunidades e escolhas (com riscos).



 

 

 

 
Gostei bastante do filme e esperei os créditos para saber quem o dirigiu e oh, que grata surpresa, é um filme de Fernando Meirelles, e, oh, parece que não foi patrocinado pela Petrobrás, não é um filme populista, não há propaganda subliminar para o governo Lula-Dilma, não é jabá, parabéns!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O Panótico vê aqui e agora (284)



Dead Man
(1995)



William Blake (Johnny Depp) é um jovem contador de Cleveland que vai de trem para uma miserável cidade do noroeste do EUA, em um momento impreciso do século XIX, para aceitar a oferta de emprego de um empresário metalúrgico. Chegando lá, o posto de trabalho já estava ocupado, e Blake, sem grana para voltar, pede abrigo a uma ex-prostituta. O ex-namorado da moça (Gabriel Byrne) tenta matá-lo na cama, é morto por Blake, e este tem que fugir da cidade. O pai da vítima é justamente o empresário dono do buraco (Robert Mitchum) que contrata três psicopatas para irem à caça de Blake. No caminho e ao longo do filme ele é ajudado por um indígena mestiço (Nobody) que acredita que o contador se tratava da reencarnação do famoso poeta inglês.


Eu nunca tinha ouvido falar deste filme de Jim Jarmusch, diretor de Mais estranho que o paraíso e Down by Law, além de outros interessantes. Em preto e branco e narrado em uma sucessão de centenas de pequenas cenas, como se cada uma dissesse algo, lembra certas graphic novels. Há diversos bons atores (John Hurt, Alfred Molina), além de figuraças como Iggy Pop. O som é de Neil Young, que nem merece ser chamado de trilha sonora, parece um adolescente brincando a primeira vez com um pedal de guitarra, mas..., funciona.
 
Lembra muito, embora em tom caricato, aos antigos westerns, nos quais as pessoas eram sempre uns miseráveis, sem rumo, oprimidos pela pobreza do Velho Oeste, e com pouquíssima capacidade ou interesse, que não fosse por um punhado de dólares.


O filme também valoriza o mundo indígena, mostrado em pelos menos duas grandes culturas, com características um tanto distintas dos antigos filmes de apaches e comanches. E Johnny Depp dispensa maiores comentários. É um daqueles filmes que não têm mensagens, não se conclui muita coisa, bem fora do padrão de entretenimento habitual.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Panótico vê aqui e agora (283)




Ted
(2012)



Boston, 1985. John Bennett é um garoto de sete anos discriminado pelos colegas sem nehuma razão específica. Ele ganha um urso de pelúcia, se afeiçoa ao bicho e deseja em uma noite estrelada que Ted pudesse falar. Ted ganha vida, como um Pinóquio, e se torna uma celebridade nacional. Agora John tem trinta e cinco anos e sua maior diversão é fumar maconha com Ted, que só quer saber de um pouco de malandragem. Só que a namorada de John, Lori (Mila Kunis), espera que o namorado tome um rumo na vida.
 
 


 
Eu não iria assistir este filme se não fosse a invectiva de um deputado brasileiro contra o ursinho maconheiro. E a direção de Seth McFarlane, o cômico criador de Family Guy, me animou a ir ao cinema, mesmo porque estas últimas semanas estão brabas em matéria de telas.
 
 
O humor politicamente incorreto e com várias referências à cultura televisiva me atrai. É mais ou menos como se fosse um filme Family Guy. Quem não tem cultura pop, ou é meio estreito em matéria de acidez crítica, não vai gostar, não é um filme idiota para adultos burros, pois as crianças hoje são muito espertas, não engolem essa coisa de ursinhos puffs. Eu sei que ri muito, e Mila Kunis não é só bonitinha. E Mark Wahlberg não é apenas o valentão de subúrbio que distribui porradas.

 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

My best loved 1982 rock albums (10)


Garlands
(Cocteau Twins)


Conheci o grupo escocês Cocteau Twins em 1987, por indicação de um amigo que exigiu que eu comprasse Treasure, por se tratar de uma "obra de arte". O terceiro lp da banda dos anos oitenta que eu mais gosto, capaz de fazer um som sem igual, me ganhou por completo, e Cocteau Twins são os únicos músicos de toda a história de que comprei todos os vinis, cds e singles. Quem nunca os ouviu, começar por Treasure  é a minha sugestão.




Garlands é o primeiro vinil da banda, que eu ouvi em uma fita cassette emprestada, somente no final de '88. Jamais foi lançado no Brasil. Este cd eu adquiri durante a quase paridade do real com o dólar, de uma loja estadunidense pela internet, no final da década de noventa. Aqui a voz descomunal de Elizabeth Fraser e o trabalho do guitarrista Robin Guthrie, seu marido, estavam apenas dando uma mostra de um futuro promissor. É um excelente disco, eu gosto de todas as faixas, sem exceção, mas ainda não é o Cocteau Twins que conquistou parte do público com o seu etéreo.
 


Liz Fraser ainda cantava versos, e não as palavras inventadas e escolhidas conforme a sonoridade de carcaterizaria o seu trabalho pós-Treasure. O baixista Simon Raymonde ainda não fazia parte do grupo. A faixa de maior adesão do público foi Wax and Wane. A minha preferida é Garlands.
 



My best loved 1972 rock albums (10)



Obscured by clouds
(Pink Floyd)
 


O sétimo disco do Pink Floyd não é dos meus preferidos da banda. Para falar a verdade, eu mal o conheço, o ouvi poucas vezes e me parece uma obra muito para baixo. Eu apenas o coloquei aqui para completar a lista. É trilha sonora do filme La Vallée, não vi, então fiquemos por aqui.