O Hobbit
(2102)
Sessenta anos antes dos eventos de O Senhor dos Anéis estamos aqui com o jovem hobbit Bilbo Bolseiro, no Condado, sendo solicitado por Gandalf para participar, juntamente com uma dúzia de anões, de uma arriscada aventura com o objetivo de retomar uma cidade-fortaleza que havia sido conquistada por um dragão de fogo apaixonado pelo ouro acumulado pelos pequenos seres (é uma referência óbvia aos Nibelungos de Wagner, ou o quê?)
O Hobbit não me encheu de expectativas, basicamente por duas razões: eu li e gostei (muito) d'O senhor dos Anéis, mas não é um universo que me encheu de fascinação, não li, e nem vou ler, os demais livros de Tolkien, e jamais chegaria ao ponto de querer estudar a língua élfica, acho que certas nerdices beiram à tolices. Por outro lado, não tinha dúvidas que de seria uma produção capaz de agradar ao seu público, pelo menos aquele que não se importa em aceitar algumas alterações em nome da viabilidade comercial da produção.
Este primeiro filme baseado na obra homônima de Tolkien (sim, há mais dois pela frente) traz parte dos mesmos bons atores da saga dos anéis, não vou repetir o nome de todos: Gandalf, Erond, Galadriel, Frodo e Gollum. Há os belos cenários, anões humanizados e não muito mais que isto. O filme só começou a me interessar após uma boa hora de projeção, porque perde-se muito tempo em ganhar a empatia da plateia para com a causa dos anões sem lar. Há sempre aquela baboseira de mostrar os diferentes como simpáticos, bobões, grotescos (com duas péssimas musiquinhas das que enchem o saco na escrita de Tolkien) para que o público se identifique com a trama. O príncipe anão Thorin, ou algo assim, é praticamente um ser humano.
O ator que faz Bilbo desempenha um bom papel de inglês bem-humorado e na sua. Mas a parte que realmente fez valer o meu esforço em ir a eventos públicos foi a de Gollum. São quinze minutos em que senti a plateia satisfeita em ver uma boa atuação, bons diálogos e algum drama. O restante do filme não comove, e não engoli o chefe orc com voz de Jabba the Hut e Gandalf bancando o Jedi Yoda.
Acho que vale a pena ser visto por quem tem algo a ver com O Senhor dos Anéis, do contrário, é uma produção sem autonomia.
Desta vez fui ao cinema em um horário vazio, escolhi uma poltrona estrategicamente (longe dos outros) mas um casal universitário resolveu se assentar justamente ao meu lado. Não tenho queixas do cara, mas a namorada, após muito irritar usando celular durantes os trailers, pôs-se a perguntar, de cinco em cinco minutos, o significado de cada cena ao nérdico consorte. Tive que procurar outro lugar para ficar.