Juiz de Fora

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Frida (398)


Frida
(2002)



Frida Kahlo (Salma Hayek) (1907-54) foi uma pintora mexicana comunista, bissexual, feminista, fumante, alcoólatra e disputava atenção com o marido infiel, o também comunista Diego Rivera (Alfredo Molina)

Eu tinha tudo para detestar este filme: Frida Kahlo imediatamente me faz evocar a seguinte imagem desde que colegas comunistas me falaram dela na década de oitenta: "Olhem, gente, eu sou feia pra caramba, mas como sou revolucionária vocês têm a obrigação de dizer que sou genial e me desejarem ardentemente, do contrário vocês são uns reacionários" e Diego Rivera: "Olhem, gente, eu pinto horrendos quadros soviéticos, são mais didáticos que filmes banais, mas vocês têm a obrigação de me acharem genial e me desejarem ardentemente,do contrário eu lhes cubro de porrada".

Mas não é que o filme é bem legal? A bela e talentosa Salma Hayek estimula o espectador com a sua atuação e sua fartura exibida sem economia. O contexto político não chantageia o espectador, e ainda tem aquela coisa moralista-evangélica típica do cinema estadunidense, algo do tipo: no fundo, no fundo, ela apenas queria ser amada e ser uma boa esposa e mãe.

As animações a partir dos quadro da pintora, quase sempre auto-retratos, são bem sacadas. Há aquela charopada de música mexicana, mas num limite perdoável.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Birdman (397)


Birdman
(2015)


Riggan Thomson (Michael Keaton) foi ator de block-buster e agora quer ser reconhecido como ator sério, dirigindo e estrelando uma peça literária na Broadway. Sofre apoio e pressão de atores,produtores, crítica, parentes, etc. O seu personagem que lhe deu muito sucesso, Birdman, fica atormentando a sua mente mostrando o que pretende fazer é patético, deveria estrelar mais um filme da antiga série.

Com bons atores em bons papéis (Naomy Watts, Emma Stone e Edward Norton) o foco do filme do mexicano A.G. Iñárritu é a crítica frontal à indústria cinematográfica voltada para os adolescentes. Elétrico e teatralizado (excessivamente) é "radical" a ponto de não ser compreensível para quem precisa vê-lo (as "massas") e muito didático para quem é capaz de ficar desconfiado diante de Hollywood.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Sniper Americano (396)


Sniper americano
(2015)






EUA-Iraque (1984-2013). Chris Kyle é criado no Texas em uma família redneck. O pai é evangélico e diz que não quer criar nem ovelhas e nem lobos, mas cães protetores. Chris cresce num mundo de armas, caça, esportes, cultos, etc e tal. Adulto, sente-se frustrado como peão boiadeiro e decide se inscrever em uma unidade de elite das Forças Armadas. É voluntário na invasão do Iraque e se destaca como o maior atirador de elite da história estadunidense.

Sete meses. Havia sete meses que não ia ao cinema por culpa das distribuidoras de filmes (só passa porcaria). Fiquei tão satisfeito que nem me incomodei com os adolescentes de quase trinta anos que ficavam, ah, você já sabe.

O filme dirigido por Clint Eastwood é aparentemente patrioteiro e justifica a invasão do Iraque com dois argumentos falaciosos: o Iraque foi culpado pelo 11 de setembro, os muçulmanos são fanáticos e lá nós fomos proteger os cidadãos de bem (então são três argumentos falaciosos, na verdade).

Mas Clint Eastwood e o produtor e ator Bradley Cooper não romantizam a guerra em nada, o filme é muito impactante, bastante cru e cala fundo. Os dilemas éticos são reais e não há respostas evidentes. O cidadão pacifista - como eu e você - se identifica com a esposa do soldado (?) Kyle, mostrando o absurdo daquilo tudo. É um senhor filme.