Juiz de Fora

domingo, 31 de agosto de 2014

O Panoticum assiste três ótimos filmes seguidos (III) (390)


Entre nos
(2009)



Nova York, anos noventa. Um casal colombiano com um casal de filhos muda para Queens, e, após duas semanas, o pai se manda para Miami prometendo voltar dali a alguns meses para buscar a família. A mãe é informada dias depois que o marido os abandonou e daí em diante os três passam por grande sofrimento e penúria. Não falando inglês, querendo ganhar dinheiro vendendo empanadas, despejada, chega a dormir com as crianças na rua. Soma-se a isto o fato de que está grávida.

Co-dirigido pela atriz Paola Mendoza, o filme trata da vida de sua própria família nos primeiros meses em que chegaram aos EUA. O realismo do filme é impressionante, Nova York aqui é apenas uma grande cidade onde os fracos não tem vez. Ficamos tomados de grande indignação com a atitude do pai, e aflitos com a situação dos meninos, ao mesmo tempo em que me pergunto: por que há tantas mulheres que casam sem pensar e ainda fazem três filhos? Como podem ser tão tolas e irresponsáveis? Não conhecem métodos anticoncepcionais? 

O filho mais velho é mais esperto e centrado do que a mãe. Dá vontade de gritar: aprenda inglês, busque ajuda institucional, ponha a cabeça no lugar, senhora.

O Panoticum assiste três ótimos filmes seguidos (II) (389)


O visitante
(2007)


Um professor de Economia de Connecticut está entendiado com a profissão e com a vida. O seu chefe o obriga a fazer uma palestra em Nova York, e quando ele chega no seu apartamento no Village dá de cara com um casal de imigrantes morando lá, um músico de percussão sírio e sua esposa artesã senegalesa. Esclarecido o susto, o professor lhes permite que fiquem por lá alguns dias. Aos poucos se afeiçoa aos dois, particularmente ao percussionista.



Este é mais um filme inteligente sobre os imigrantes. Aborda a empatia crescente do estadunidense para com o drama dos refugiados e daqueles que vão aos EUA para ganhar a vida. Paralelamente, a busca por um sentido da vida encontra um caminho no relacionamento com outras pessoas. É a primeira vez que vejo o ator Richard Jenkins no papel principal e ele está muito bom como o professor humanista e contido. A palestina Hiam Abbass faz a mãe do percussionista. Achei importante a fala racista da palestina quando vê a nora, detestaria esta coisa de que os imigrantes são tolerantes e livres de preconceito porque vítimas. Fiquei impressionado com a falta de respeito no tratamento dos presos que aguardam deportação, embora desconfie de alguma manipulação aqui.

O Panoticum assiste três ótimos filmes seguidos (I) (388)


A vida dos outros
(2006)


Berlim Oriental. 1984. Um capitão da polícia secreta da Alemanha Oriental, a plenipotenciária Stasi, vigia, a pedido de um ministro da cultura, a vida de um raro escritor que acredita no Socialismo, mas acaba desenvolvendo uma paixão platônica por sua amante, uma atriz dependente de drogas (a excelente Martina Gedeck) e que, por sua vez, é amante do tal ministro. O insensível capitão, devoto quase cego do totalitarismo, passa a se encontrar em uma manobra dos superiores e começa ter dúvidas sobre o regime que defende e a vida que leva. Simultaneamente, passa a compreender os dilemas do escritor, pressionado pelos colegas e amigos adversários do Estado.


Não é fácil encontrar bons filmes sobre o totalitarismo, ou são filmes de diretores comunistas que adocicam o regime ou são caricaturas da Guerra Fria. A Stasi vasculhou a vida dos cidadãos de Berlim Oriental com mais zelo do que a KGB o fazia. Mas a Alemanha Oriental não teve massacre de milhões de seus cidadãos, a pressão se dava em um nível mais sorrateiro, menos bárbaro. Soma-se a isto o fato de que o padrão de vida da Alemanha Oriental não era ruim. Com o fim do totalitarismo na era Gorbatchev, um número significativo de alemães orientais ficaram inseguros com o ocaso do regime. E aqui não falo de burocratas privilegiados, mas de gente interessante e culta que não se enganava quanto ao caráter autoritário e asfixiante do governo de Honecker e nem babava ovo para o capitalismo.

Este filme reconstitui todas as filigranas de um Estado totalitário e o drama que assolava tanto os seus opositores como os seus defensores, como o policial e o escritor que protagonizam o roteiro.

P.S. O ator que faz o capitão (Ulrich Mühe) teria sido espionado, na vida real, pela esposa com quem foi casado por seis anos.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

"Aquele que não sabe fazer amor, sabe fazer a guerra" (387)





A Pedra da Paciência
(2012)



Afeganistão, em um passado recente. Em uma cidade indefinida, uma jovem mãe de duas filhas pequenas (a atriz iraniana refugiada Golshfiteh Farahani) passa horas revelando seus segredos para o marido em coma, um jihadista que levou uma bala na nuca. Preocupada mais com a sua própria situação e a das crianças, do que propriamente por amor ao homem com quem pouco conviveu em dez anos de casamento, a protagonista se reconforta com a possibilidade de poder dizer tudo o que pensa para o marido incapaz de ouvir.

Baseado em obra literária, esta co-produção franco-afegã-germânica é um filme mais voltado para o público feminino, e um pouco enfadonho para aqueles que acham que ouvir uma mulher expondo os mais íntimos sentimentos e temores por quase ininterrupta hora e meia pode ser meio sacal. Fiquei tentado a pular uns trechos, mas resisti. Mas é um filme inteligente, e reforça como o Islão é machista e aterrorizador. As revelações são surpreendentes.

O título é uma referência à uma rocha que serve como muro das lamentações para os islâmicos da região, creio eu.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O mais humanista dos almodovares (386)


A pele que habito
(2011)



Um rico cirurgião plástico (pleonasmo?) (A. Banderas) faz pesquisas sobre transgênese em uma paciente-cobaia. Após perder a esposa em função de um incêndio, ele cria uma pele capaz de resistir ao fogo e bate de frente contra o direito e a bioética. Paremos por aqui.

Resisti por muito tempo a ver este filme, mas agora com a Netflix tudo vale a pena mesmo quando a alma é pequena. Não gosto de ver cenas de cirurgias, o tema da vaidade já está saturando, e pensei se tratar de um filme voltado para a condição gay dos transgêneros, que "se sentem aprisionados em um corpo que não escolherem".

Na verdade, o filme tem tudo a ver com isto, muito a ver com Frankenstein, na verdade, embora não chegue a ser propriamente um filme de terror como li em uma resenha profissional. Inicialmente confuso, não sabemos a priori quem é a moça que vive em uma situação de cárcere privado misto de hospedagem, o filme, no entanto, se esclarece em flashbacks.

Gostei particularmente do final, uma valorização universal da identidade e da liberdade humana.

domingo, 24 de agosto de 2014

O primeiro filme globalizante de que tenho notícia. (385)


Amores brutos
(2000)


Na periferia da capital mexicana um jovem desempregado (Gael García Bernal) possui um cão, é apaixonado pela cunhada, uma adolescente mãe de um bebê, e seu irmão é caixa de supermercado durante o dia e assaltante à noite. O protagonista coloca o cão em lutas até a morte com o objetivo de fugir com a amada. Paralelamente um mendigo vagueia pelas ruas da cidade na companhia de seus cães e comete um homicídio mediante paga. Uma modelo fútil é amante de um editor de revista e tem um namorado galã de tv apenas para consumo do público. As estórias dos três protagonistas vão se cruzar.


Pouco depois de começar a ver este filme pensei: "está me lembrando muito Babel". Dããããã, é do mesmo diretor, o mexicano Iñárritu, é o seu primeiro longa, e Babel é uma conclusão de sua temática.. É um filme que tem muito a ver com a escola sociológica que caracteriza o cinema latino-americano, mas brilha mais pela autenticidade das personagens e situações do que por te querer fazer sentir culpa e passar a militar em movimentos de esquerda. Apesar de ser uma película de apenas duas horas e meia o filme possui uma densidade de roteiro de um longa de muitas horas. Daria tranquilamente uma boa minissérie. É curioso que eu não tenha assistido este filme até hoje. Destaca-se aqui a atuação de García Bernal, em seu segundo longa.


terça-feira, 19 de agosto de 2014

Assista primeiramente, antes de ler críticas (mas não deixe de fazê-lo depois) (384)


Sob a pele
(2014)


Uma alienígena (Scarlett Johansson, quem mais) chega à Edimburgo, se apropria da "pele" de uma jovem que acabara de morrer (ou ser morta) e passa a dirigir uma van pela ruas da cidade escocesa atraindo rapazes a título de pedir orientação no trânsito. Eventualmente ela obtém sucesso na armadilha e os vê sucumbir diante de sua beleza. Fria, mas provocante, ela segue esta jornada até que alguns incidentes de sedução a fazem despertar sentimentos genuínos, a "pele" adquire alguma autonomia e a transforma.


Quase desistiria deste filme, se não fosse por duas razões: a trilha sonora impactante, e a fotografia impecável de paisagens escocesas. Isto combinado provoca ansiedade, e muito me lembrou filmes como O homem que caiu na Terra e Liquid Sky. Após ler algumas críticas vejo que a minha intuição me ajudou a compreender o filme, há uma crítica ao culto à beleza e ao vazio existencial preenchido pelo hedonismo. Mas há também a questão do corpo como limite ao poder e como meio de humanização. Duas cenas aqui são cruciais, a alienígena fatal se vê impotente diante do mais feio dos mortais e um homem a ajuda sem segundas intenções, apenas por empatia.

Se o objetivo de colocar Scarlett Johansson como protagonista se deve ao seu corpo, sucesso. Mas independentemente disto, foi um de seus melhores papéis, desde Encontros e Desencontros.

O final traz meio que um castigo, uma punição, uma revanche masculina, mas não vou avançar nestes temas psicanalíticos.


sábado, 16 de agosto de 2014

Divertido e estiloso (383)


O grande hotel Budapeste
(2014)


Europa central, país fictício, 1932. Em um hotel luxuoso um garoto muçulmano consegue emprego de auxiliar e trabalha com um excêntrico gerente (Ralph Fiennes) que seduz mulheres ricas e idosas. Uma milionária (Tilda Swinton) vem a falecer e lhe deixa um quadro valioso, provocando a ira de seu filho (Adrien Brody). Isto nos é contado em flashback por Zero Moustafa, o lobby boy (F.Murray Abraham) para um escritor (Jude Law) que no hotel se hospedou em 1968, e por sua vez o conta a uma garota em 1986.


Baseado em escritos de Stephan Zweig, o escritor que suicidou em Petrópolis (1942) e chegou a acreditar que o Brasil seria o país do futuro (deveria ter razões para isto, na época), este badalado filme de Wes Anderson conta com uma plêiade de bons atores (soma-se aos que citei: Edward Norton, Willem Dafoe e Harvey Keitel) e um amigo do diretor (Owen Wilson). É uma boa comédia, com personagens caricatos e pode encantar o espectador pela grandiosidade do hotel e locações (Alemanha e República Tcheca). Várias cenas têm a rapidez dos filmes antigos. 


Vale a pena sair de casa para vê-lo? Sem dúvida, mas Wes Anderson não fez nenhuma obra-prima, a menos que o (a) leitor(a) ache que Tannenbaums e Darjeeling é coisa que se preze.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Não falam assim, mas pensam assim (382)


O que os homens falam
(2012)



Barcelona, na atualidade. Uma meia dúzia de homens entre 35 e 55 anos, aproximadamente, estão em maus lençóis. Ou estão divorciados, ou divorciando, ou perdendo a esposa, ou mal-casados. Em episódios independentes, eles fazem o que homens normalmente não são muito chegados (não estou falando do seu psicólogo, do seu professor doutor em filosofia, do seu poeta, não falo de quem por dever cumpre a agenda feminista): falar de suas emoções, dos seus relacionamentos, dos seus medos, etc. Nunca na minha vida ouvi colegas meus ou parentes se abrirem a tal ponto com outros homens (não estou falando do meu psicólogo, do meu professor doutor em filosofia, do meu poeta, falo de homens inteligentes, mas não de militantes). 

Não que as situações sejam inverossímeis, duas delas são bem verídicas: o homem abandonado pela amante que busca se reconciliar com a esposa, e o colega de trabalho que de repente se interessa pela colega que emagreceu, ficou gostosa e com fama de acessível, isto tudo é bem masculino.



Achei uma boa comédia catalã (dirigida e filmada na Catalunha) em que se destacam Ricardo Darín e Eduardo Noriega. Há um tom de lição bem dada nos homens em um determinado episódio, mas é algo do tipo "nós bem que merecemos". Gostei bastante, inteligência, humor e narrativas eficazes sempre dão certo no cinema. 


Bom, parece que é impossível que eu vá ao cinema sem ter o que contar, né? Fomos no "cinema de arte" que há no centro. Para surpresa minha, era sessão cidadão por um realzito. Fiquei pensando, que bacana, cinema para o povo. Todo mundo pode pagar um real, mais barato do que a passagem de ônibus.

Pois bem, duas moças tentaram furar a fila e ficaram espantadas porque as pedi para que respeitassem não só a nós mas a um casal de idosos logo em seguida. Apareceu uma galera tipo alunos de ensino médio matando aulas que aprontaram um auê antes do filme. Uma moça levou o filho de uns dois anos (sessão noturna) e ele já chegou pedindo para ir embora. O filme começou e o povo, nada. Ouvi alguns tímidos "shh" e vi que isto não intimidaria ninguém.

Falei: "Silêncio".

Os pedidos de silêncio aumentaram, aproveitei a deixa e disse, com firmeza, em voz alta, sem rancor: "Não sabe ir ao cinema, fique em casa". Funcionou uma meia-hora.

Viajar me deixa seguro em exigir civilidade de outras pessoas. Assistimos um filme em Lisboa uma vez e o silêncio foi absoluto. Aqui também deveria ser assim. Quem está errado não reprime a sua atitude incorreta, porque eu deveria reprimir a minha indignação? 

O Panótico vê o seu primeiro filme saudita.(381)


O sonho de Wadjda
(2012)


Wadjda é uma pré-adolescente que vive em um subúrbio da capital saudita, Riad. Meio moleca, possui gostos ocidentais, não dá muita pelota para regras e quer juntar dinheiro para comprar uma bicicleta, algo contraindicado para mulheres porque há o contato do selim com suas partes íntimas. Abdullah é o "homenzinho" que a corteja, um menino hábil e prestativo. O pai de Wadjda volta e meia vai para o colo da mamãe que lhe quer arranjar outra esposa, já que a mãe de Wadjda não engravida novamente.


A Arábia Saudita é uma beleza. Monarquia absolutista teocrática, sem parlamento livre, sem constituição, fundamentalista, persegue as minoria xiítas e cristãs, endossa casamentos endogâmicos o que contribui para o nascimento de pessoas portadoras de deficiências, pune com chicotadas mulheres adúlteras, poligamia masculina, não há cinemas, as escolas mandam os alunos decorarem o Alcorão, um país que só parece produzir petróleo e repressão.


Dirigido por uma mulher, eu nem sei como este filme pôde ter sido feito por lá, seria um pálido sinal de esperança? Gostei do enfoque, a religião se impõe mais pelo poder do que pela devoção sincera. A repressora diretora da escola, uma réplica islâmica de muitas pedagogas brasileiras, se utiliza dos princípios mais para conservar o próprio cargo do que por sua pureza (em determinada cena a rebelde Wadjda lhe joga na cara que sabe de seu amante). Também achei interessante que a diretora e a mãe da garota são muito bonitas, parece que a sua sensualidade fica bem evidente quando estão na companhia de outras mulheres, é como se o filme dissesse: quem ousou colocar estas fogosas debaixo de tantos panos? Por outro lado, como a Arábia Saudita jamais experimentou um governo ocidentalizante, as sauditas não têm a postura agressiva e rebelde das iranianas, não lhes foi tomada uma liberdade que nunca tiveram. O dilema da mãe da garota é entre a dor de não ser mais tão amada pelo marido com a vontade de saber se resignar diante da sociedade que impõe a poligamia masculina.

O filme tem aquela coisa do patinho feio que vira um cisne mas é envolvente, cheio de sutilezas da luta da liberdade contra a repressão e a hipocrisia. Gostei bem.

sábado, 9 de agosto de 2014

Vale a pena ouvir lançamentos de dinossauros? (114)


Heaven & Earth (2014)
(Yes)

Há algumas atitudes-padrão em relação a grandes grupos quando lançam discos novos: a) a do fã fundamentalista, que repudia a banda desde que algum integrante original, ou tido como o cabeça do grupo, sai em carreira solo; b) a do fã criterioso, que deixa de acompanhar a banda quando ela abandona suas características essenciais; c) a do fã curioso, que ainda tem interesse no que a banda possa fazer, ainda que saiba que ela já não tem mais contexto para fazer genialidades; d) a do fã inseguro, que julga a banda pela receptividade alheia; e) a do fã mitológico, que ama tudo o que a banda faz porque adora as personalidades que o integram.

No que diz respeito ao Yes, "a)" ouviu a banda até Tormato (1978), se tanto; "b)" gostou de Union (1991) e Talk (1994); "c)" talvez vá ouvir este Heaven and Earth; "d)" vai consultar as vendagens da banda; "e)" vai achar que a sua vida perdeu um pouco da alegria no dia que Chris Squire se for.

Yes chegou a ser a minha segunda banda preferida (depois do velho Genesis), mas sempre tive consciência de que os caras brigavam muito por ego e dinheiro. Depois da primeira saída de Jon Anderson e segunda de Rick Wakeman (em 1979) nunca mais achei que a banda fosse a mesma coisa. Quando lançaram 90215 (1983) gostei do disco como uma boa concessão, uma sobrevivência inteligente em mares adversos. Union (1991) é um disco que adoro, tem lugar em meu coração. Talk (1994) é muito bom, e os posteriores apenas divertem. Estas mudanças constantes de membros e a saída definitiva de Jon Anderson não têm como ser remediadas, mesmo com dois cantores que lembram bem o protagonista (até no seu aspecto feminilizado).

Jon Davidson, Downes, Howe, Squire e White fizeram um bom disco em termos gerais. Para quem não gosta de progressivo em geral, e do Yes em particular, é tudo muito previsível, muito clichê, desde a capa de sempre de Roger Dean, aos títulos, refrões, temas ripongas, etc. É uma estética acomodada, há um certo embotamento. Ainda assim é um som amigável, hospitaleiro, é como se ouvisse velhos companheiros refletindo sobre a vida. Minhas preferidas nesta segunda audição que faço, até o presente momento, são Believe Again e To ascend.