Juiz de Fora

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Dia da Consciência Negra.












 





 
 
Não sou versado na Questão Negra. Já li alguns livros e matérias sobre o tema, já vi filmes e documentários (inclusive oficiais) mas é um assunto que não consigo equacionar bem. Já mudei a minha opinião sobre a questão diversas vezes, principalmente sobre quotas e políticas afirmativas para os afroamericanos. É um tema obrigatório nas escolas, mas é um tema delicado e desagradável para os alunos. Não encontramos ainda um jeito de tratá-lo deixando os meninos confortáveis para refletir sobre.
 
Então eu resolvi homenagear a etnia negra desta forma. Não há aqui nenhuma hierarquia ou critério objetivo - estamos falando de pessoas, não de coisas. Fui escolhendo à medida que me recordei deles e delas. Não lembrei de centenas de pessoas fundamentais. Algumas, eu não as coloquei de propósito.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O Panótico não vai ler nem aqui, nem agora e nem depois (32)



Estou participando como ouvinte de um seminário sobre Lúcio Cardoso. Crônica da Casa Assassinada tem sido considerado o melhor romance da literatura brasileira pós-Guimarães Rosa. O autor teria dito que o seu objetivo era "queimar Minas". Eu sabia que o enredo se tratava de uma família de coronéis incestuosos, algo como um Nelson Rodrigues elevado à enésima. Li três páginas e achei insuportavelmente melodramático e fiquei com a seguinte sensação: autor homossexual repleto de culpa resolve dizer para o mundo: "que que tem se eu sou gay? Vocês, héteros, vivem em famílias incestusosas". Sorte a minha que não precisei comprar a obra (toda escola municipal de Juiz de Fora possui um exemplar). Agora, cá para nós: obrigar adolescentes a ler quinhentas páginas para enems e vestibulares, que tortura exigir isto de garotos cujo universo cabe num shopping center.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O Panótico viu ultimamente (286-295)

Aos meus leitores intergaláticos: ninguém dá bola para resenha de filmes, então, a partir de agora, eu vou apenas fazer um breve comentário sobre o que tenho assistido:



Agenda secreta (1990) é um filme do diretor britânico Ken Loach, trata da investigação de um promotor inglês sobre as atividades ilegais do serviço secreto da polícia de sua majestade no combate ao IRA, atividades que resultaram na morte de um advogado estadunidense militante dos direitos civis. Baseado em caso verídico da década de setenta, beira à ingenuidade em uma cena, mas no mais é um filme bem realista. Com Brian Cox (o Agamenón de Tróia) e Frances McDormand (Fargo). Nota 9.

 
 
 
 
Hotel Transilvânia (2012). Vampiro conservador, viúvo, antissocial e com forte sentimento de culpa quer manter a filha em uma redoma encantada, longe dos temíveis humanos. A menina entra na adolescência e lógico que quer o que é proibido. Mais uma fábula politicamente correta sobre diferenças e tolerância. O problema que é muito gritado, barulhento, exagerado, parece desenho matinal, peguei no sono no meio da projeção. Nota 6.
 
 



 

 
Elefante Branco (2012) Padre francês voluntarista e padre argentino pé-no-chão mas a ponto de explodir atuam em uma área próxima à uma construção peronista abandonada que pretendia ser o maior hospital popular latinoamericano (claro que era só pretexto para corrupção). Típico filme populista-esquerdista, parece até as produções brasileiras petistas patrocinadas pela Petrobrás. Com Ricardo Darin, que é o melhor ator argentino da atualidade, o que não quer dizer grande coisa. Nota 5.

 
 
 
 
Bob & Carol & Ted & Alice (1969). Dois casais alta classe média de Los Angeles resolvem explorar a política do corpo. Filme ousado e bem contextualizado do final dos anos sessenta. Natalie Wood muito suculenta, e este Robert Culp é um dos caras mais sem sex appeal que já vi, não convenceria nem a própria esposa a dormir com ele, quanto mais a Natalie Wood. Elliott Gould ainda não era engraçado. E a loura faz um bom papel como dona-de-casa que queria ser certinha, mas muda de ideia, fazer o quê, né? Vale como registro histórico do cinema. Nota 8.
 

 
 
 
Kes (1969). Outro filme importante de Ken Loach, é um marco sobre adolescentes da classe operária britânica. Pode ser considerado um filme pré-punk. Billy sofre bullying e é mal tratado em casa, criando amizade com um falcão, Kes. Nota 8,5.

 
 
 
Os Marziano (2011). Um irmão preguiçoso, fracassado e aproveitador e seu irmão mais velho, bem-sucedido, competente e mesquinho. E um monte de mulheres, lógico, buscando o seu papel no meio do conflito familiar. Eu tenho certeza que por trás de todo filme ruim tem verba pública. Este é o pior filme argentino que já vi, o que não é nada de muito surpreendente, mas eu já tinha acostumado com a ideia de que os argentinos fazem melhores filmes que do que os brasileiros. Nota 2.





Homens de preto 3 (2012) Eu não pego um blockbuster esperando muita coisa. Então, eu acho que valeu a pena: piadas divertidas, efeitos maneiros, várias contextualizações e paródias certeiras, dois atores na medida e alguma emoção genuína. Nota 7,5.




O último Elvis (2012). Um sujeito simplório tem um vozeirão e imita bem o Elvis decadente. O problema é que ele meio que acredita que é o Elvis, ou, menos pior, que vai estourar como cover de Elvis, e poder tirar a si mesmo e a filha, da pobreza. Este filme argentino, nas mãos de quem sabe fazer cinema emotivo (estadunidenses, europeus e asiáticos), teria dado mais certo. Mas acerta parcialmente. Nota 8.


 

Terra e cinzas (2002). O governo afegão ou o exército dos EUA arrasam uma aldeia afegã. Vemos apenas um miserável camponês desesperado, - após perder mulher, irmã e filha, - para levar o netinho que ficou surdo com o bombardeio, mas não o sabe, para o pai do garoto, filho do idoso, que se encontra trabalhando em uma mina em outra localidade. Este é um filme em que tudo deu certo: fotografia, enredo, narrativa, os atores naturalistas, o garoto tragicômico, o absurdo, o desespero, a esperança, os diálogos, os cineastas e contribuintes do cinema público brasileiro chapa branca deveriam ver obras como esta, é possível crítica do que for sem ser demagogo e populista. Nota 10.


 

Skyfall (2012). Nunca gostei de 007. Mas esta série com Daniel Craig ganhou o meu respeito. Este é o melhor 007 de todos. Direção de Sam Mendes, com atores como Ralph Fiennes e Albert Finney, sem falar em Javier Bardem, que que é isso, o cara é demais, é muito talento para um ator só. Locações ótimas em Istambul, Shanghai, Macau e em Londres (diversos lugares pelos quais passei, que saudade), é mais drama que filme de espião. Tomara que Sam Mendes seja convidado a dirigir mais uma meia dúzia como este. Nota 9,5.